Sintepp visita escola ocupada por estudantes em Marapanim

Os alunos da Escola Estadual Remígio Fernandes iniciaram a ocupação no final de maio, após uma assembleia estudantil. Os relatos da comunidade são de que a unidade educacional enfrenta problemas na infraestrutura, tem poucos funcionários, está vulnerável e com condições sub-humanas.   

As Coordenações Estadual e da Regional Nordeste I do Sintepp estiveram na tarde do dia 03|06 na Escola Estadual Remígio Fernandes no município de Marapanim, Região Nordeste do Estado. A unidade educacional está sendo ocupada por estudantes desde a manhã do dia 31 de maio.

A ocupação foi definida após uma assembleia de estudantes realizada no dia 30|06 e os alunos resolveram ocupar a escola por tempo indeterminado. Logo na primeira manhã de ocupação representantes da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) foram até a Escola tentar por fim ao movimento, o que não foi conseguido devido a resistência da classe estudantil. “Vieram aqui dizer que assim que nós sairmos irão negociar a reforma. Nós não aceitamos e continuaremos aqui até que tenhamos algo concreto e assinado”, disse Nayara Souza, estudante do 3º ano do ensino médio.

A Escola, apesar de está em condições precárias e sub-humanas, atende em média 1.160 alunos em três turnos, com 10 “saunas”como salas de aulas (super lotadas), o prédio antigo não possui acessibilidade para alunos portadores de necessidades especiais, o que está contrariando as metas do Plano Nacional de Educação, e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). A ocupação tem contado com o apoio da população, está recebendo doações diariamente, de alimentos, além de força para resistir no movimento.  O Sintepp Subsede Marapanim tem ajudado bastante também nesta luta.

Emoção, esse foi o sentimento ao ouvir os relatos dos alunos da escola que foi inaugurada em 1959, e que passou por somente uma reforma no ano de 1997, que em nada resolveu os problemas estruturais do prédio que mesmo antigo e abandonado, poderia abrigar uma Escola Pública digna de atender aquela comunidade.

Na oportunidade também foram realizadas visitas às dependências da escola, além da área adjacente ao prédio. “Espaço até que temos de sobra, porém o mato toma conta dos arredores da escola, uma verdadeira falta de respeito não somente aos estudantes, mas a sociedade de modo geral”, comentou Thiago Barbosa, Coordenador Estadual do Sintepp.

Há relatos ainda de que parte do forro de algumas salas de aula já desabaram sobre os alunos, deixando visíveis a quantidade de sujeira no telhado, goteiras e ninhos de vespas.

A quadra de esportes da escola não tem cobertura, e o espaço é chamado de “espinha de gó” (peixe típico da região). Na última reforma foi colocada somente a estrutura metálica que serviria para colocação posterior da cobertura, porém até a presente data o trabalho não foi concluído e o dinheiro público vai escoando pelo ralo.

Falta papel higiênico e água potável para consumo dos alunos e funcionários. Não bastasse está falta de insumos, existe uma verdadeira cratera na lateral do refeitório que representa um perigo aos estudantes.

O prédio da escola está vulnerável, além do muro baixo, a falta de servidores como vigias e porteiros facilita o acesso para as dependências da unidade educacional, e o mato alto é propício para esconderijo de meliantes que assaltam, pulando o muro para se esconder.

Outra denúncia, é que os estudantes desconhecem o Conselho Escolar, a única informação que se têm é que o Conselho está inadimplente. Provavelmente por pendências na prestação de contas, o que bloqueou os repasses que serviriam para realizar pequenos reparos, como a troca de uma lâmpada, roçagem do terreno ou ainda pequenos reparos que deveriam ser periodicamente realizados.

“Minha família tem condições de me colocar em uma escola particular melhor, porém, não acho justo abandonar meus colegas aqui nestas condições, e resolvi está aqui somando forças com eles”, comentou Erika Leão, aluna do 1º ano do ensino médio. Este nível de consciência constatado na fala dos estudantes do interior do Estado do Pará inspira e revigora e dando mais força ao Sindicato para seguir em frente em defesa da Educação Pública, com qualidade social.

A cidade de Marapanim passa por um momento político conturbado, a troca de prefeitos é constante, e quase que mensal. Denúncias de desvios de verbas públicas e abuso do poder político fazem com que a gestão municipal se transforme em um verdadeiro caos.

Nesta tarde de visita do Sintepp à escola Remídio Fernades houve uma roda de conversa com os alunos. “Ouvimos relatos emocionados daqueles que cansados com os desmandos do Governo do Estado tiveram a atitude de organizar esta ocupação. Esta iniciativa partiu de um grupo de estudantes, e logo após recebeu a adesão de muitos outros, que afirmam que a ocupação não tem data nem hora para terminar. Continuaremos monitorando”, complementou Barbosa.

As principais reivindicações elencadas pelos estudantes são as seguintes:

1-        Reforma Geral da Escola;

2-        Climatização das Salas de Aula e Espaços Pedagógicos;

3-        Aparelhamento dos Espaços Pedagógicos (biblioteca, sala multidisciplinar, etc);

4-        Copa e Refeitório adequados para atender alunos e servidores;

5-        Reforma e cobertura da quadra de esportes;

6-        Melhoria na segurança do prédio (elevação do muro);

7-        Construção do bicicletário da escola;

8-        Troca e/ou manutenção das janelas e portas dos ambientes da escola;

9-        Integralização do quadro de servidores da Escola (falta Professores e Servidores em geral);

10-      Transporte Escolar e Merenda digna para os alunos;

11-      Eleições Diretas para Direção da Escola.

Ao término da visita, os Coordenadores Estaduais Thiago Barbosa e Cleber Rezende, a Coordenadora Distrital de Belém Marcia Pinheiro, e o Coordenador da Regional Nordeste I Saulo Ribeiro fizeram uma saudação aos estudantes, deixando a palavra de solidariedade e força, e reforçando a organização da Classe Estudantil com a formação do Grêmio Estudantil.

Os alunos seguem com a ocupação na cidade e se manterão organizados na luta por suas reivindicações e por melhorias na escola.

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