Trabalhadores/as da Escola Justo Chermont discordam do projeto cívico-militar

No último dia 17 de agosto, funcionários da Escola Estadual Justo Chermont em Belém foram convocados para uma “consulta pública” no dia seguinte, exatamente no dia 18 de agosto. Mesmo em greve sanitária, alguns educadores se deslocaram à escola.

Depois de cerca de duas de horas de fala de um coronel da Polícia Militar, a gestão escolar procedeu uma votação. No espaço, a maioria dos participantes se denominavam pais e responsáveis de alunos. Mas não temos como confirmar, pois não houve durante toda a reunião a identificação devida dos presentes.

A desorganização e aglomeração provocadas pela SEDUC, incomodaram um grupo de partícipes. No entanto, estes membros ao tentarem se manifestar foram ignorados pelo poder público e hostilizados por favoráveis ao modelo de escola cívico-militar. 

Ainda assim, o Governo do Estado procedeu a “consulta pública”, anunciando o resultado de 200 votos a favor e 33 contra, em uma unidade de ensino que tem 1.600 discentes e 100 funcionários. 

Como SINTEPP, reafirmamos nossa posição: Somos expressamente contrários ao projeto cívico-militar nas escolas!

Lamentavelmente, o Estado nos ignora. De 2019 para cá já se registram em nosso Estado quatro escolas que “aderiram” a este modelo e espera-se até o fim de 2021 a implementação de mais duas (dentre elas, a Justo Chermont).

Na reunião do Conselho Estadual de Educação realizada no último dia 12 de agosto, inclusive, além de abordarmos a fatídica reforma do ensino médio de Bolsonaro, os desalinhos de seu ministro da educação, Milton Ribeiro, sobre a educação inclusiva, e pontuamos novamente nosso posicionamento sobre a metodologia antidemocrática das escolas cívico-militares. (Veja abaixo a ata divulgada pelo Pleno).     

“Se a escola não tiver liberdade para educar, as políticas públicas serão inúteis, a segurança precária, a justiça será injusta. E a sociedade é que irá sofrer as consequências”, escreveu Tânia Soares.

Nós como professores e funcionários de escola não podemos e nem vamos trabalhar sob a expressão do medo e da fragilidade profissional! Bem menos, seremos acuados em nosso local de trabalho!

Somos contra o projeto de escola cívico-militar, por consideramos que essa proposta leva para o espaço escolar o germe do autoritarismo; algo que o Brasil já experimentou e que as consequências deixaram muitas feridas abertas.

Não esqueçamos que o projeto em questão fez e faz parte do programa de governo de Bolsonaro, fato esse que por si só explica a necessidade de vê-lo distante das escolas públicas.

O combate à crise que a educação pública vivência não está nas armas, nas botas e nem nas fardas!

Está na democratização da gestão escolar, no investimento na valorização profissional, no respeito a diversidade étnico-cultural, enfim, em tudo aquilo que contribui para humanizar as relações entre todas e todos da comunidade escolar.

Sr. Governador Helder Barbalho, respeite a democracia e a autonomia interna da comunidade escolar! Suspenda o processo de implementação da escola cívico-militar na Justo Chermont imediatamente!

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