A linha que tece a teia não é tecida no vácuo nem no solitário espaço quando se desprende da aranha .
Pelo contrário, há sempre outras pontas que se entrecruzam . Não se cortam, e sim , se interligam pela necessidade de formarem a teia .
Não negligenciam o contato do tato com as outras pontas das linhas .São finas e singelas , mas sabem do potencial que exercem no cumprimento do seu papel da sua existência : compor a teia .
Como não são linhas tecidas na ilusão do tempo e do espaço , suas pontas como garras se agarram nos galhos, nos ramos , nos troncos das árvores. Ou outro material que lhes garanta condição da sua sobrevivência.
Quando se agarram encontram forças em suas bases para , a partir de então , firmarem o maior de todos os objetivos das linhas : serem teia .
Assim , lançam -se sem reservas porque admitem que linhas sozinhas são vulneráveis, mas quando se tornam a teia , na junção das suas pontas , tornam-se imbatíveis .
Noel Sanches – O Poeta