É mundialmente reconhecido que a melhor forma de evitar a curva ascendente dos casos de Covid-19 é o isolamento social para impedir o crescimento dos contágios e o posterior colapso dos sistemas de saúde. Entretanto, a adesão ao isolamento social por parte da população está diretamente associada à clareza de informações disponíveis sobre a proliferação da doença em seu município/região, bem como à ações do poder público para efetivar a quarentena e evitar a continuidade de atividades que geram quaisquer tipos de aglomeração social.
Em Marabá, são incontáveis os números de denúncias de pacientes que chegaram a hospitais de referência da cidade com todos os sintomas de Covid-19 e são encaminhados ao isolamento social em casa sem serem devidamente testados. Portanto, não há uma ação clara por parte do poder público municipal de testagem da população, o que deságua em informações e boletins informativos confusos, sem nenhum detalhamento e que, por isso, não refletem a situação real da doença no município.
A testagem da população e a veiculação de informações detalhadas, como a idade, tipos de comorbidade das pessoas infectadas, bem como o nível de infecção dos profissionais de saúde, que estão expostos à doença, muitas vezes, sem os EPI’s necessários, além da distribuição espacial dos casos confirmados na cidade, são instrumentos fundamentais para o combate à Covid-19, pois ajudam no entendimento de como a doença está atacando a população e na condução de um planejamento de combate à disseminação do vírus.
A confusão, subnotificação e falta de detalhamento dos informativos em Marabá têm levado a uma falsa sensação de contenção do vírus em nossa cidade, e essa sensação de normalidade produz decisões públicas e privadas que podem ser catastróficas à curto-médio prazo, como a persistente abertura de estabelecimentos comerciais não essenciais, o funcionamento cotidiano normal de atividades que promovem aglomerações, assim como a perigosa confiança de parte da população em continuar saindo de casa indistintamente e sem nenhuma proteção.
A situação do Amazonas em que o sistema de saúde já entrou em colapso e a do próprio Pará, à beira do colapso, exigem-nos responsabilidade para com todas as nossas ações.
Por isso, nós do conjunto de entidades e organizações abaixo-assinadas, exigimos da Prefeitura Municipal de Marabá mais transparência nos dados sobre os casos de coronavírus identificados na cidade, uma ação mais enérgica e bem articulada de testagem da população, uma ação mais efetiva para o cumprimento da quarentena na cidade, um investimento de recursos, inclusive dos royalties da mineração que o município recebe, para a compra de EPI’s aos profissionais de saúde e para o aumento do número de UTI’s, além de uma ação social coordenada de auxílio econômico à população mais vulnerável que já está sofrendo por não ter como acessar os recursos básicos para sobreviver.
Nesse sentido, como Marabá é uma cidade com vários assentamentos de reforma agrária e possui um entorno rural com significativa produção de alimentos e pescado, também exigimos da Prefeitura um plano de aquisição de alimentos saudáveis de pequenos agricultores e pescadores para garantir a segurança alimentar da população do município.
A omissão agora pode custar muitas vidas amanhã!
Assinam esse manifesto:
SindUnifesspa
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sintesp/PA)
Sindicato dos Urbanitários
Central Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST)
Colegiado do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo – Unifesspa, Sindicato dos Peritos do INCRA (SindPFA)
Sinasefe
Sintepp – Subsede Marabá
Sindifes
DCE Unifesspa
PSOL Marabá
Emancipa