Contra o desmonte do serviço público, eu luto pela educação pública!
O movimento sindical passa um momento difícil em sua trajetória de luta. O processo fomentado em todo Brasil a partir das jornadas de junho de 2013 nos legitimou mais uma vez como alicerce primordial de organização da classe trabalhadora.
Ainda que cientistas e estudiosos das questões sociais estejam em plena pesquisa sobre o fenômeno “Não é por R$ 0,20! É por direitos” – uma das principais bandeiras levantadas à época – ao movimento social organizado, mais especificamente os setores ligados a classe trabalhadora, que se aglutinaram às manifestações e exigiam dos governos federal, estaduais e municipais mais políticas públicas de acesso à educação, saúde e segurança, além das demandas diversas como os debates de gênero de combate ao machismo, a desmilitarização das polícias, e mesmo contra a redução da maioridade penal, por exemplo, apontavam que a população tem muito a dizer sobre a organização política do Brasil.
Ocorre que ao citarmos 2013 cabe retornar um ano antes, quando em 2012 o funcionalismo público protagonizou a maior greve desde a luta contra a fatídica Reforma da Previdência, iniciada em 2003.
No enlace de prejuízos sociais promovidos pelos governos, a educação pública está afundada em desvalorização. Os históricos ataques ao (a) servidor (a) público (a) respingam violentamente sobre os (as) trabalhadores (as) em educação. Vide os recentes e repetidos índices rebaixados apontados pelo próprio INEP no último período, que indicam avanços em determinados municípios, mas retrocessos no ensino superior, o que afetam diretamente a educação básica.
No Pará, a educação pública passou por 73 dias de greve – a maior paralisação da Rede Estadual desde a constituinte. A ação de nossa categoria foi motivada em resposta ao desmonte promovido pelo governo Simão Jatene a educação, que além de descumprir o acordo da greve de 2013, enxugou pedagogicamente o ano letivo de 2014, e já no início da lotação de 2015 reduziu abruptamente salários.
Na atualidade este governo mantém politicamente descontos de greve, em uma atitude punitiva que não facilita a construção de consensos para a resolução do calendário escolar 2015, empurrando a comunidade escolar para outro ano letivo pedagogicamente perdido, enquanto empurra na população o modelo de gestão privatista da direita conservadora do Estado, que reproduz o projeto neoliberal de exclusão social, jogando consequentemente pelo ralo o futuro de mais de 600.000 estudantes.
O que dá fôlego para prefeitos seguirem o exemplo e retirarem ainda mais direitos adquiridos através da luta e organização da classe trabalhadora. Exemplo nítido é política de terceirização anunciada por gestores públicos, na capital paraense, por exemplo, além de lançar decreto retirando direitos, Zenaldo Coutinho está enxugando gastos com o funcionalismo, e gerando atrasos no vale transporte e vale alimentação de servidores (as).
Em outros municípios, como Breves na região do Marajó, os (as) trabalhadores (as) atravessam a segunda paralisação do ano contra corte de salários e retiradas de direitos na gestão de Xarão Leão (PMDB). E cabe lembrar a batalha campal promovida pelos capangas do prefeito Edilson Cardoso do PSDB, de Porto de Moz, no Xingu, que no último dia 16 – exatamente um dia depois do dia do (a) professor (a) – agrediram violentamente trabalhadores (as) que estão com salários atrasados desde agosto. Mais lamentável é constatar que estas são apenas amostragens das dificuldades enfrentadas pelos (as) educadores (as) nos quatro cantos de nosso Estado.
Diante do cenário obscuro que a política dos governos oferta para os (as) trabalhadores (as) amparemo-nos nas palavras do Professor Milton Santos, “Existem apenas duas classes sociais, as do que não comem e as dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem” e busquemos o fortalecimento de nosso trabalho de base. Afinal é nesta prerrogativa também que amparamos nossos sonhos em tempos melhores para a sociedade.
Neste dia 28 de outubro, a Coordenação Estadual do Sintepp parabeniza todos (as) os (as) servidores (as) públicos (as) e convoca sua categoria a continuar na luta por valorização profissional, tendo como norte a defesa da educação pública, amparados (as) na certeza de que a avançaremos em conquistas à medida que nos mantivermos unidos (as) e fortalecemos nossas estratégias de enfrentamento contra as políticas infaustas dos governos, e sobretudo instrumentalizados (as) na resistência e luta de um serviço público, gratuito, e com qualidade social.