Todo 17 de abril é para mim um dia dolorido

Em 1996 eu exercia o mandato de deputado estadual no Pará. Estava numa reunião de preparação da campanha do companheiro Edmilson para prefeito de Belém quando recebi um telefonema desesperado de uma professora de Eldorado dos Carajás. Foi assim que soube do massacre de 19 trabalhadores sem-terra.

Cheguei a Marabá no dia seguinte. Vi os corpos jogados numa sala fria, cada um com uma etiqueta improvisada. Conhecia as lideranças do movimento e meu olhar tentava identificar alguém conhecido. Alguns estavam desfigurados. São imagens que não se apagam.

Estive no quartel da PM, reuni com o governador da época, todos naquele momento se esquivando da responsabilidade.

Fui várias vezes no local depois deste dia. Mas, passados 23 anos, o que mais me dói é a certeza de que episódios como o Massacre da Curva do S continuarão a acontecer. E que a vitória de Bolsonaro deu força de maneira perigosa a todo dono de terra, todo grileiro, todo jagunço ou pistoleiro que assombra e intimida quem luta por um pedaço de terra para plantar e sustentar sua família.

Seguimos lutando, todos os dias. Mas as imagens continuam gravadas na minha mente.

Luiz Araújo.

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