A marcha em defesa da educação pública mostrou a força dos trabalhadores na manhã desta quinta-feira (19). Cerca de 2.000 pessoas ocuparam a av. Nazaré, em Belém, para cobrar do governo Jatene (PSDB) o cumprimento do acordo que pôs fim a greve de 2013 e o pagamento do piso nacional. Em todo estado ocorreram manifestações.
Incorporaram-se ao movimento os educadores da UEPA, que também estão em campanha salarial. A caminhada seguiu para o Centro Integrado de Governo (CIG), onde uma comissão de trabalhadores foi recebida pelo ex-deputado e atual chefe da Casa Civil, José Megale.
A comissão apresentou as demandas e a insatisfação da categoria, em especial em relação a política de lotação que está impedindo os educadores de assumirem as cargas horárias de extrapolação e o não pagamento do piso salarial nacional que passou a vigorar em janeiro deste ano. Além da apresentação da ata que não expressa o negociada com o sindicato no último dia 16.03.
O Sintepp já oficializou os pontos divergentes com as devidas alterações para que a mesma passe a retratar o dialogado com os trabalhadores. No entanto, o sindicato já antecipa que os problemas não cessarão enquanto o governo não corrigir a orientação repassada para os diretores de escola em relação a lotação.
O Sindicato não concorda com a postura do governo de impor aos educadores que os mesmos abram mão de turmas, o que acarretará em sumária perda de carga horária, ou seja, perda remuneratória.
Os trabalhadores anteciparam ainda que a assembleia geral de amanhã (20) tem como pauta principal a votação do indicativo de greve, portanto torna-se impossível aguardar até abril para dar continuidade a negociação.
Representantes do interior expuseram o clima nas escolas provocado pela equivocada orientação da Seduc de que não fosse feita a lotação para além das 150h.
O Sinduepa também apresentou sua pauta, que versa basicamente pela reivindicação de pagamento integral do piso nacional aos trabalhadores, que estão com o PCCR desatualizado e enfrentam uma série de problemas pelo corte de recursos. Reivindicou-se ainda a marcação de uma agenda específica para debater as demandas da universidade, quanto ao piso nacional, a discussão será feita em conjunto com o Sintepp.
Outra discussão apresentada novamente ao governo pelo Sintepp foi a questão da reforma nas escolas. Existem unidades escolares que estão com o início do calendário escolar em atraso por conta do não andamento de obras.
Outro ponto delicado foi a questão da violência nas escolas. Depois do assassinato de um inspetor em Ananindeua na semana passada, mais uma vez veio à tona um dos maiores dramas da educação pública, principalmente porque a situação é generalizada. Vide casos para além da região metropolitana, como Abaetetuba e Tailândia que tiveram suas escolas invadidas e os profissionais assaltados durante o horário de aula.
O Sintepp apresentou a denúncia de falta de material de limpeza nas escolas, ao que as empresas terceirizadas argumentam que não estão recebendo os devidos repasses do governo, por isso a precariedade no serviço.
Ainda em relação a lotação, o SOME se posicionou explicando que a turva orientação de lotação apresentada pela Seduc também vem afetando negativamente o sistema.
As pautas de eleição direta e reforma das escolas constam no acordo assinado para o fim da última greve, portanto cabe ao governo cumpri-las. Lembrando que graças a greve a gestão democrática agora é lei.
Houve o compromisso de reposição do dia parado, logo o governo comprometeu-se a não descontar dos servidores.
Aderiram a paralisação estadual os seguintes municípios: Abel Figueiredo, Altamira, Abaetetuba, Curionópolis, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Palestina, Parauapebas, Piçarra, S. Domingos do Capim, S. Caetano, Aurora, Marapanim, Castanhal, Curuçá, Xinguara, Pacajá, Salinas, Rio Maria, Redenção, Bannach, Floresta do Araguaia, Sto Antônio do Tauá, Vigia, Iritua, S. Miguel, Maracanã, Mãe do Rio, Colares, Terra Alta, Bom Jesus, Eldorado, Rondon, Soure, Primavera, Bragança, Quatipuru, Tomé-Açu, Tracuateua, Itaituba, Santarém, Alenquer, Belterra, Conceição do Araguaia, Moju, Sta Izabel, Benevides, Belém, Ananindeua, Peixe Boi, Sta Maria, Breu Branco, Cametá, Goianésia, S. Domingos do Araguaia, Dom Elizeu, Salvaterra, Portel, Cachoeira do Arari, S. Geraldo Tucuruí, Baião e Mocajuba.
A constante dilatação de prazos para o pagamento do piso tem acirrado o clima entre os trabalhadores, a assembleia geral que ocorrerá amanhã (20), a partir das 9h, na EE. Cordeiro de Farias, inevitavelmente empurra a categoria para a greve. Minimamente o governo tem que dar respostas a lotação, piso, segurança e reforma das escolas.
Só avança quem luta!