Final de ano é um momento de reflexões sobre as ações que realizamos durante todo o período que passou e, por isso, para o Sintepp, 2014 foi de grandes desafios e importantes vitórias para a categoria. “Não há nada de novo no rugir das tempestades”, mas a certeza é uma só: a luta deve continuar.
Assim como os anteriores, iniciaremos em janeiro próximo, o lançamento da campanha salarial 2015, na rede estadual e nas diversas redes municipais, onde o Sintepp está organizado. Na campanha passada, foram realizadas diversas frentes de batalha organizadas por nossa entidade na garantia e ampliação de direitos, inclusive com a deflagração de várias greves nas redes de ensino.
Na capital, a executiva Belém, fora aguerrida aos desmandos e descaso do Governo Zenaldo Coutinho (PSDB) e a nível estadual, a Coordenação Estadual travou fortes e intensas batalhas contra o governo tucano fascista de Simão Jatene (PSDB). Ao final, fechamos o ano com chave de ouro, com a realização do mais relevante fórum de discussões da categoria: o XXI Congresso Estadual do Sintepp – Por uma educação libertária, realizado em novembro.
Temos a certeza de avançar na luta contra as administrações públicas ou governos que usurpam e violam constantemente os direitos dos trabalhadores em educação, porque a essência deste sindicato é a garantia, a proteção e o estabelecimento de políticas educacionais que não sejam óbices à dignidade da categoria e alunos.
Vivemos num cenário político adverso com escândalos de corrupção e de recesso econômico, falta de investimentos na educação, que só para se ter uma ideia, o governo federal repassa mais aos banqueiros (90 bi anuais), do que para a educação com investimentos de apenas 3,7% do orçamento anual.
Há um “assalto a mão desarmada” do dinheiro público que deveria ir para a construção e modernização de escolas e para o aumento do percentual do piso nacional dos professores, acaba servindo para pagar juros sobre juros dos já riquíssimos banqueiros. Onde fica a relevância dos direitos sociais para os governos Dilma, Jatene e Zenaldo e tantos outros?
Eduardo Galeano, autor do livro “As Veias Abertas da América Latina”, traduz muito bem esse panorama ao dizer: “fomos treinados para acreditar que a desgraça é coisa do destino, como aquele sujeito que para obedecer à lei da gravidade se atirou do décimo andar. Só a justiça poderia dar à democracia uma base sólida; mas no lugar da justiça, temos amnésia obrigatória.
Todos os países latino-americanos que emergiram das ditaduras militares, anos de sangue e medo, jogaram água benta na fronte dos torturadores e dos assassinos. O Estado só existe para o pagamento da dívida externa e interna e para garantir a “paz social”, todavia nunca a justiça social. O que na verdade se traduz numa conduta interminável de vigiar e castigar seus súditos. O sistema fabrica os pobres e depois declara guerra a eles.
Multiplicam-se os desesperados e os presos que estão nos cárceres, sucursais do inferno, e, não aguentam mais a superpopulação. Os narcotraficantes filhos da lógica do capital, suja e perversa, são os melhores alunos da escola econômica porque cobrem com oferta o que a procura requer. E o negócio mais lucrativo do mundo é o resultado de um modo de vida que gera ansiedade, solidão e angústia na vertigem de uma competição impiedosa, onde o êxito de poucos implica no fracasso de muitos”.
Dessa forma seria muito tranquilo, porém descomprometido com a realidade e com a vida apenas dizer feliz natal e próspero ano novo como quem repete a um clichê para a classe dos trabalhadores em educação. Porque temos mais motivos para nos indignar e sair das salas e das escolas direto às ruas e ir aos palácios de governo exigir o devido respeito e cuidado para o bem mais sagrado de uma sociedade que é a Educação Pública de Qualidade, do que celebrar a ilusão midiática de um paraíso artificial.
Certamente o Sintepp e seus filiados travaram no ano de 2014 o bom combate e vamos recuperar nosso fôlego e renovar nossa vontade de mudança num amanhã melhor para que de corações abertos e consciências livres em 2015 possamos efetivar direitos. Pois assim fala Rosa Luxemburgo, a Rosa Vermelha, “quem não se movimenta, não sente as correntes que o predem, por isto, há todo um velho mundo por destruir e todo um novo mundo a construir; onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Neste final de ciclo, todos aqueles que compõem o Sintepp desejam que nessa grande peça da vida em que se mudam os anos, se mudam os capítulos, alguns atores são substituídos, mas a verdadeira beleza desta história está nas personagens que permanecem nas cenas mais queridas; você ouça as palavras que sempre desejou ouvir, pronuncie as frases que um dia desejou repetir, sinta a emoção que esperou viver, divida o carinho com quem sempre desejou repartir, abrace a todos os amigos que sempre quis reunir e viva a vida da forma mais franca e intensa possível porque o terreno do amanhã é incerto demais.
Ass.: Prof. M.Sc. Rodolfo Nobre