Por Antonio Juraci Siqueira*
Quatro séculos de lutas
de um povo valente e audaz
em busca de liberdade,
justiça, respeito e paz
que, apesar dos desenganos,
segue entre perdas e danos
mas não se curva, jamais!
dos nativos deste chão?
Quantos fomos? Quantos somos?
Quantos ainda virão?
Quantos tombaram lutando?
Quantos vivem pelejando?
Quantos sobreviverão?
Quantos heróis traspassados
pelo punhal assassino!…
Fontelles, Irmãos Canuto,
João Batista, Quintino,
Chico Mendes, Guaymiaba,
Expedito, Ajuricaba…
Quantos bravos e um destino!…
Como externar a bravura
sem par de nossos avós
sem reprimir a ternura
que habita dentro de nós?
Como lutar tanto, tanto,
sem deixar, jamais o pranto
sufocar a nossa voz?
Como é que um povo altaneiro
que a própria história constrói
pode quedar-se ferido
sem distintivo de herói?
Ser a pedra, ser a pluma,
a lança e a flor que perfuma
as mãos de quem a destrói…
Mas enquanto a intolerância
tem tentáculos de polvo,
a resistência dos bravos
em busca de um mundo novo
guarda o poder do oceano
e vence o ódio tirano
com a força que vem do povo!
Hoje transcorre 181 anos da Cabanagem, a maior revolução popular da Amazônia e do Brasil Colônia,e até hoje pouco conhecida pelo povo em razão dos governos e mídia em geral contribuirem para tal, ocultando tudo o que se relaciona à Cabanagem, como é o caso deles rebatizarem a Aldeia Cabana ” David Miguel” de, simplesmente, “Aldeia Amazônica”. Veregonha da nossa História e preconceito pelo fato do homenageado ser um negro? O certo é que ninguém ama o que não conhece e nem defende o que não ama.
Viva os cabanos!
Salve a Cabanagem, a luta do povo!
*Antonio Juraci Siqueira é poeta paraense.