O SINTEPP Belém está iniciando coleta de assinaturas para encaminhar ao prefeito, secretária de educação, MPPA e outros com posição contrária ao retorno às presenciais em Belém durante a pandemia de COVID-19.
Assine e ajude nesta campanha.
POSIÇÃO DO SINTEPP BELÉM SOBRE O RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO.
O prefeito Zenaldo Coutinho e a secretária de educação Socorro Coutinho anunciaram o retorno das aulas presenciais em Belém a partir de 15 de julho.
O Sintepp Belém declara sua posição contrária a esse retorno, neste momento, de pandemia, onde milhares de pessoas estão contaminadas e morrendo pela Covid 19.
OS DADOS DA COVID
Os números da Covid 19 são catastróficos, hoje (10/06), são 7 milhões de infectados no mundo com mais de 404 mil mortes. O Brasil, que é o segundo país do mundo em contaminação, já declara 744 mil contaminados e 38.600 mortos e superou os EUA e Reino Unido na média diária de mortes pelo coronavírus, com 1028. Números fortalecidos pela politica irresponsável de um governo negacionista, como o do presidente Bolsonaro.
No Pará, a cada 10 testes realizados, 9 testam positivos segundo a Sespa em 10/06, ou seja, dos 61.426 testes realizados até o momento, 55.090 foram positivos a Covid 19, e temos 60.636 infectados e 3.898 mortos. Considerando que os estudos da Ufpa mostraram que as sub-notificações deixam de revelar a real situação de contaminação no estado, os números já são maiores e tendem a aumentar com a flexibilização do isolamento e a abertura do comércio e shoppings, etc…
Em Belém, onde o prefeito abriu tudo e agora quer abrir as escolas, os números mostram que a Taxa de letalidade no município é maior que 11%. Mesmo com as imprecisões nos dados da Covid 19 em Belém e considerando as sub-notificações e o marketing, buscamos no portal da prefeitura os dados para esta análise e vimos que em 31 de maio existia 14.633 infectados e 1.603 óbito (apesar de matéria do G1 Pará, O Liberal dia 01/06/20 falar de 1.320 mortos e 11.500 infectados) e ainda segundo o portal da PMB, dia 10/06 passou para 14.879 infectados com 1.634 mortos.
Se consideramos os dados da prefeitura em 10 dias tivemos 246 infectados e 31 mortos. Se considerarmos os dados declarados pela Sesma ao G1, em matéria do dia 01/06, em 10 dias tivemos 3.379 infectados e 314 mortes.
A SITUAÇÃO DAS ESCOLAS PARA UM POSSÍVEL RETORNO.
Estamos em uma crise sanitária sem precedente, e o impacto desse processo na vida das pessoas pode ser irreversível.
A escola é um dos maiores e principais locais de concentração e fluxo de pessoas, de todas as faixas etárias porque o seu funcionamento é diário e permanente, e por isso, de enorme probabilidade de propagação do novo coronavírus.
Em Belém, trabalhamos com 70 mil alunos/as, crianças desde o berçário até o ensino fundamental; com jovens no médio e também com jovens e idosos/as na EJA. As crianças que abraçam, choram, correm, terão que passar por um processo de adaptação nunca visto antes. O uso de máscaras, o não abraço, o não toque, são situações impensáveis para todos nós no interior das escolas.
As escolas, muitas insalubres, dificultam a proteção individual e a saúde porque trabalhamos em salas de aulas com 40 alunos, como garantir a proteção sanitária? Em salas quentes, pequenas, cheias de carteiras, sem iluminação adequada e devida higienização?
O retorno às atividades presenciais não será como a volta de um recesso tradicional, como quando alunos e professores retornam das férias. Estudos indicam que crises como essa geram múltiplos efeitos adversos nas pessoas, tais como impactos emocionais, físicos e cognitivos. E ainda encontraremos escolas desestruturadas, sem espaços adequados para receber nossas crianças neste momento.
Portanto, para um possível retorno, a PMB/SEMEC tem que pensar em uma reestruturação das unidades e escolas, reformas, reorganização dos espaços de salas, mobília e equipe funcional.
As condições para o retorno não estão dadas e a Semec precisa dialogar sobre isso com a categoria, com o Sintepp e com a família dos alunos.
PROPOSTA DO SINTEPP BELÉM
Defendemos o retorno presencial das aulas apenas quando a pandemia tiver passado, com a diminuição significativamente do número de infectados e redução a zero do número de óbitos diários em nossa cidade e estado;
A organização para o retorno presencial das aulas deverá ser dialogada e construída entre Semec, Sintepp e comunidade escolar no sentido de discutir o calendário escolar, flexibilizando o tempo com o uso do calendário de 2020/2021 pensando em estratégias permitidas desse tempo de organização do ensino ciclado.
ALGUMAS CONDIÇÕES SÃO IMEDIATAS PARA PENSAR EM RETORNO:
- A reestruturação das escolas, UEIs, UPs, com organização dos espaços e mobílias;
- A higienização de todas as unidades escolares;
- Testagem de professores, servidores, alunos e responsáveis;
- Garantia de materiais de higienização permanente com pias e sabão na entrada das unidades, sapatos descartáveis; álcool em gel nos corredores e espaços pedagógicos, papel toalha, lixeiras com acionamento por pedal, tapetes higiênicos nas salas e medição de temperatura, etc.
- Equipamentos de proteção individual permanente para professores, servidores e alunos;
- Diminuição de alunos por turma garantindo as recomendações para a saúde pela OMS;
- Retorno gradual mensal iniciando com 20% do quantitativo de crianças em escalas;
- Garantia nas escolas e UEIs de lotação de assistente social e psicólogo, para companhar o trabalho com professores, funcionários, alunos e responsáveis;
O Sintepp Belém quer discutir com a Semec o calendário escolar, o retorno às escolas deverá ser de responsabilidade de todos/as e caso a Semec insista em manter as decisões sobre o retorno unilateralmente, encontrará muita resistência e dificuldades neste processo e assumirá, sozinha, todas as responsabilidades pela garantia dos instrumentos e resultados emocionais e pedagógicos de um retorno apressado e desordenado que poderá comprometer sobremaneira a tranquilidade que precisamos no retorno às aulas ao final dessa pandemia.
Coordenação do Sintepp Belém.