Foi um espaço de muitas aprendizagens, encontros, reencontros, reflexões sobre nossa realidade educacional e quanto a Educação Escolar se constitui em um poderosíssimo instrumento para construção da autonomia, resistência, auto reconhecimento, organização política dos sujeitos. Defender e lutar por uma “educação como Direito “Epistêmico”, deve ser nossa pauta primeira. Defendendo e lutando por uma escola que esteja estrategicamente voltada para o empoderamento dos sujeitos. Não podemos nos omitir da luta por uma educação digna. A escola do campo precisa ser pautada como instrumento a favor da luta dos povos do campo e não como ferramenta de opressão, sujeição, dominação, desterritorialização de sua identidade. Não existe neutralidade pedagógica ou a escola estar a favor do empoderamento político e organização comunitária ou estar do lado do opressor como verdadeiro capitão do mato.
Acreditamos, defendemos e lutamos por uma educação do campo que respeite a dignidade de nossas crianças, jovens e adultos e suas formas de produção cultural, econômica, religiosa, artística e sua relação com a floresta, caminhando junto para construção e fortalecimento de uma educação que liberte.
Nas atividades teve escuta e registro por meio de grupos de trabalho de sistematização da percepção comunitária sobre os problemas e contradições que influenciam no desenvolvimento local da comunidade Tauçú e suas potencialidades segundo aspectos econômicos, educacionais, ambientais e culturais. Registro dos problemas levantados e possíveis ações de fomento e fortalecimento, que construíram para também debater sobre proposições político-pedagógica, refletindo criticamente o currículo que temos às propostas do currículo que queremos. Também, teve espaço de recreação, desenho, pintura, contação de história com as crianças, teatro com jovens da comunidade, momento cultural apresentado pelos comunitários, poesia, Rap, futebol…
Repudiamos a forma que a Comunidade Quilombola de Tauçú está sendo tratada pela gestão pública do município de Portel. As crianças, adolescentes, jovens e adultos estudam em um barracão da comunidade, pois não existe o prédio construído pela prefeitura, os alunos e professores ficam à mercê das condições climáticas, uma vez que, o barracão não possui paredes e no mesmo espaço funcionam até três turmas no mesmo horário. No horário da noite os jovens e adultos estudavam com apenas dois “bicos” de luz, por esta razão muitos tiveram que desistir por dificuldades na visão e este ano ao invés de corrigir o problema e garantir a matricula aos jovens e adultos, a SEMED fechou a turma de EJA.
A cozinha funciona também em um espaço da comunidade e em condições pouco favorável, negação de direito extrema. A direção do polo exerce uma relação de tentativa de controle das comunidades do campo e mantem verdadeira opressão com os trabalhadores que nela atuam. A diretora do polo segue profissionalmente como um verdadeiro capataz (dando base para que esse sistema político elitista permaneça vivo e forte), persegue professores, assedia moralmente os trabalhadores e trabalhadoras da educação, induz as merendeiras assinar guias de entrega de alimentação escolar que não correspondem com os produtos entregues, transfere professores para outras localidades e diminui carga horária de acordo como convém o interesse do governo.
É só na luta, no engajamento com as causas coletivas que construiremos juntos alternativas de vivermos mais dignamente. Nossas crianças do Tauçú merecem educação de qualidade, isso não é favor de nenhum prefeito ou secretário de educação, isso é uma OBRIGAÇÃO. Todos temos que nos posicionar criticamente e lutar pela educação de nossas crianças quilombolas de São Tomé de Tauçú.
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