Entramos novamente experimentando um verdadeiro colapso no sistema de saúde, apontado por especialistas e epidemiologistas em todo Brasil, por conta do avanço das contaminações da Covid-19, que está completamente fora de controle. Não é só a falta de leitos que preocupa: as medicações para intubações em diversas partes do Brasil estão em risco, assim como a garantia de oxigênio.
Desta vez, a situação é ainda mais angustiante que no pico de contaminação do ano passado, por conta a liberalização quase generalizada da obrigatoriedade de cumprimento dos protocolos de segurança sanitária, e da forte desconstrução de responsabilidades/responsáveis por esse caos, culpabilizando a população em geral pela tragédia vivenciada.
Os discursos do presidente e seus ministros, seja pelas palavras, ou pelos péssimos exemplos, sua omissão criminosa e sabotagem assassinas praticadas por eles, são as principais causas de mortes em nosso país, seja pelo estímulo ao descumprimento das medidas sanitárias, seja pelo menosprezo às vidas ceifadas, seja pela “guerra” ideológica contra a vacina, seja pela não compra de vacinas em tempo hábil, como no caso das 70 milhões de doses da vacina da Pfizer dispensadas no segundo semestre de 2020, que poderiam ter imunizado 1/3 de nossa população, seja pela falta de uma política nacional integrada e inteligente de controle de fronteiras e circulação de pessoas, enfim; pela completa incompetência que, casada com a perversidade, pariu essa tragédia anunciada.
Este mês de março/21 já se configura como o pior momento da pandemia do novo coronavírus, chegando-se a mais de 15 mil mortes numa única semana, alcançando-se a funesta marca de 2.255 óbitos no último domingo (21/03), com sucessivos recordes de mortes, o que nos coloca no epicentro da Covid-19 no mundo.
“São 60 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, e pelo décimo quarto dia a marca aparece acima de 1,5 mil. Foram 23 recordes seguidos nesse índice, registrados de 27 de fevereiro até aqui.
No sábado (20), foi registrado o maior número de mortes registrados naquele dia da semana desde o início da pandemia, superando o recorde do sábado anterior (13), quando foram contabilizados 1.940 óbitos. Na sexta (19), pela primeira vez desde o início da pandemia, o país bateu a marca de 15 mil mortes em uma semana. Segunda (15): 1.855 (recorde) / Terça (16): 1.976 (recorde) / Quarta (17): 2.031 (recorde) / Quinta (18): 2.096 (recorde) / Sexta (19): 2.178 (recorde) / Sábado (20): 2.234 (recorde) / Domingo (21): 2.255 (recorde)” (Valor).
“Os cinco dias com maior número de mortes em toda a pandemia ocorreram nos últimos dez dias (os números não indicam quando os óbitos ocorreram de fato, mas, sim, quando passaram a contar dos balanços oficiais): 10/03 – 2.349 ,16/03 – 2.798, 17/03 – 2.736, 18/03 – 2.659, 19/03 – 2.730” (Uol).
O Brasil chegou ao todo a 294.042 mortes e 11.998.233 de casos desde o início da pandemia. E esses números caóticos e assustadores se tornam desesperadores com a perspectiva de aceleração para o próximo período.
Segundo o médico, neurocientista e professor catedrático da Universidade de Duke (EUA) Miguel Nicolelis, esta poderá se tornar a trágica nova realidade brasileira por um período: “Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século 21 em nossas mãos. A possibilidade de cruzar 2.000 óbitos diários nos próximos dias é absolutamente real. A possibilidade de cruzarmos 3.000 mortes diárias nas próximas semanas passou a ser real. Se você tiver 2.000 óbitos por dia em 90 dias, ou 3.000 óbitos por 90 dias, estamos falando de 180 mil a 270 mil pessoas mortas em três meses. Nós dobraríamos o número de óbitos. Isso já é um genocídio, só que ninguém ainda usou a palavra. O que são 250 mil mortes sendo que a vasta maioria poderia ter sido evitada?”, disse em entrevista.
E A REALIDADE EDUCACIONAL PARAENSE?
A realidade da educação pública paraense nesse praticamente um ano de pandemia não mudou, e até tem piorado. Nossas escolas, que já não tinham condições estruturais antes da pandemia, deterioram-se ainda mais, sem um plano de restruturação de suas redes físicas.
Do mesmo modo, nesse período não houve nenhum investimento por parte do governo para garantir, ou pelo menos amenizar os problemas de conectividade, tão necessários como suporte à docência nessa nova conjuntura.
Relatos de pais, mães, estudantes e professores/as sem suporte inundam as redes sociais como gritos de socorro completamente ignorados por Helder Barbalho. Até mesmo os insumos para a reprodução de materiais impressos, denominados “cadernões”, têm sido cobrados da comunidade escolar, numa demonstração de desrespeito e incompetência administrativa.
É mister reiterar que professores/as, especialistas em educação, secretários/as escolares e gestores/as têm feito o possível para que as atividades não parem, realizando desde o ano passado atividades remotas, mesmo que por vezes as exigências da SEDUC sejam absurdas e desmedidas, como no caso da obrigatoriedade de relatórios quase que semanais e do uso de seus próprios aparelhos celulares e internet para desenvolver atividades, e até participar de grupos de whatsApp.
O resultado disso tem sido o adoecimento docente, além de que o governo não garantiu a suspensão da obrigatoriedade de presença na escola dos demais segmentos, e mesmo não havendo a necessidade dessa permanência, sequer estabelece rodízios e flexibilizações de horários que minorem a exposição de nossos/as companheiros/as.
A manutenção dessas atividades administrativas e pedagógicas presenciais, e até da obrigatoriedade do retorno às aulas presencias, como no caso da Socioeducação, revela-se anacrônica, contraditória e até irresponsável, devido à dramática realidade mencionada, o que levou o Ministério Público Estadual a RECOMENDAR lockdowm na região metropolitana, pelo colapso do sistema de saúde, e levando à Greve Sanitária em Defesa da Vidas por professores/as da Fasepa especialistas em educação do estado.
Como se não bastasse tantos percalços, a angústia permanente nos processos de lotação, agravados com a crise da pandemia e a falta de planejamento administrativo por parte da SEDUC (vide o caso dos/as 381 professores/as do extinto Mundiar), provocam insônia e mazelas à maioria da categoria, que não tem recebido o CALOTE em seu Piso, não tem sua garantia de Jornada de Trabalho, nem avanço nas condições para desenvolver suas atividades dignamente.
O governo também “patina” na regularização dos Conselhos Escolares, que já fez a educação pública paraense perder cerca de R$ 75 milhões apenas nos dois últimos anos, recursos que fazem muita falta nas escolas deste estado.
É PRECISO MOBILIZAÇÃO E RESISTÊNCIA CONTRA OS ATAQUES E POR NOSSOS DIREITOS!
Por isso, nossa campanha salarial se assenta sobre elementos basilares para que possamos falar em respeito, valorização e democracia. Cobramos do governo Helder a celeridade na aquisição das vacinas, estruturação dos espaços educacionais do estado, garantias sanitárias e de defesa da vida, insumos e suporte às atividades remotas, e cumprimento da Lei do Piso, que era promessa do então candidato ao governo, mas que parece ter se transformado numa grande potoca.
A garantia da Jornada de Trabalho, com 1/3 de Hora Atividade, pagamento do salário mínimo, o plano de cargos para os funcionários de escolas, as reformas das escolas, e demais pautas urgentes em nossos cotidianos, são imprescindíveis à nossa categoria, e não daremos trégua ao governo até que avancemos em nossos direitos.
Intensificaremos nossa campanha salarial através de reuniões com o governo, debates com nossa categoria através de lives, acompanhamentos às ações judiciais em curso, atividades públicas simbólicas, e, quando houver possibilidade, retomar as ruas que sempre foi nosso palco de lutas e pressões para garantir nossos direitos!
# Vacina para todas/os já!
# Jornada de trabalho com um terço de hora atividade.
# Helder, pague o piso!
# Pelo reajuste do mínimo.
# Suspensão plena das atividades presenciais.
# Garantia de insumos e conectividade.
# Auxílio Emergencial já!
# Não à Reforma Administrativa!
# Nenhum direito a menos!
# Não nos calarão!
# Fora Bolsonaro!
Coordenação Estadual do SINTEPP.