Por Elen Marvão e Geisi Dias
SouFrida mas não Mekalho
Sou de todas as raças. De todos os cantos, sou dos altares, sou dos tambores, sou da terra, sou do fogo do meu ventre, gero vida. Do meu ventre gero fogo. Sou força, sou a primeira a levantar e a última a deitar. Quando a comida é pouca minhas entranhas encolhem-se para alimentar os que eu protejo.
Sou das favelas, sou dos guetos, sou negra. Sou dos apartamentos de luxo, sou dos tecidos de cetim.
Sou puta, sou dama, sou mãe, sou esposa, sou companheira.
Sou dona do meu corpo mesmo que o mundo não queira permitir, mas digo e grito meu corpo minhas regras.
Sou Mulher e meu dia é todos os dias por que todos os dias me visto com armaduras e vou para luta como se fosse sempre a maior guerra.
Estou nas trincheiras da vida e a vida mesmo sendo feminina não é nem um pouquinho mãe, mas a vida ensina que todo dia os homens não entendem que são gerados de nós e por nós, ainda nos mutilam, nos matam, amputam nossos direitos mais básicos.
Sou mulher, sou vida, sou destino traçado e certa do mundo por que sem meu ventre não existiria a humanidade.
Viva à Mulher.
* Ellen Marvão é professora de Sociologia da Rede Estadual de ensino do Pará no SOME, formada pela Universidade da Amazônica e Coordenadora da Subsede do Sintepp/Moju.
** Geisi Dias é jornalista, formada pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará e compõe a equipe de Comunicação do Sintepp Estadual.
