No Pará, a crise econômica parece pior quando comparada ao restante do país. Aqui a cesta básica é a mais cara do Brasil, a energia elétrica não é diferente, o preço dos combustíveis está nas alturas e os impostos exorbitantes.
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DESABAFO
É voz corrente que a educação é o maior patrimônio de uma nação e que por consequência, a profissão de professor é a mais “nobre” e importante de todas. Ocorre que, de concreto, a educação pública, é deixada em situação de extremo sucateamento e os professores da rede pública sofrem as consequências disso, seja no que se refere ao salário, seja no que tange às próprias condições de trabalho.
Essa realidade, no entanto, fica submersa nas retóricas de valorização da educação e da profissão de professor, mas que não resistem a uma greve, sobretudo quando esta atinge o ponto de consciência que a greve dos professores da rede pública do estado do Pará atingiu.
Ora, muito rapidamente os professores, de colaboradores e profissionais “nobres”, passaram a ser tratados não apenas como trabalhadores, que de fato são, mas como um bando de aproveitadores, baderneiros, de seres irracionais, vagabundos, que querem extorquir o governo e até como pessoas que se permitem ser utilizadas como “massa de manobra” para desestabilizar o governo em prol de um possível favorecimento. Mas dos baixos salários que recebem e das condições precárias de trabalho a que são submetidos nada se fala, como se essas situações fossem frutos da natureza e que trouxessem os atributos da inexorabilidade e da imutabilidade.
A greve é uma ação política da classe trabalhadora que tem sempre o grande beneficio de obrigar que pessoas e instituições revelem seus verdadeiros sentimentos e funções, ainda que o façam por meio de novas retóricas. Em ataque à greve conseguem, ainda, falar em falta de razoabilidade das reivindicações dos professores como se a situação fática existente tivesse algum grau, por menor que fosse de razoabilidade. Falam, ainda, nos prejuízos da greve para os alunos, como se de fato estivessem preocupados com a vida desses alunos, já vítimas de um sistema desigual, carregado de diversas formas de opressão, que sequer é trazido a exame. E ainda têm a audácia de falar em ofensa à legalidade, como se a greve não fosse um direito e como a plenitude do respeito à legalidade fosse prática daqueles que a invocam. Essa forma de tratar a legalidade de maneira parcial, conveniente e contraditória é histórica em nossa realidade, sendo oportuno destacar, ilustrativamente, o argumento utilizado pelo regime ditatorial para atacar as greves dos trabalhadores em educação.
Repudio também a atitude da policia militar que se baseia em ideais de legalidade, do respeito e do dever a cumprir. Os educadores estão abismados pelo tratamento violento recebido por parte da policia militar! Nossa indignação pela atitude. Esta entidade possui princípios éticos como valores centrais atuam na busca da construção de uma sociedade pacifica e luta contra o autoritarismo, discriminação, preconceito, etc.
Não podemos aceitar o desrespeito aos educadores. Ainda mais no Estado democrático de direito em que vivemos. Deste modo a conjuntura atual necessita dos valores da cidadania, em especial os valores políticos partidários. É preciso dizer não!!! As atitudes agressivas e doentias contra nós educadores.
Dolores Abdelnor